Como é a residência em Oftalmologia na USP

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Está se preparando para as provas de residência, mas ainda tem dúvidas sobre qual especialidade cursar? Este artigo é para você que precisa saber mais sobre a residência em Oftalmologia na USP (Universidade de São Paulo). 

A residência em Oftalmologia do Hospital das Clínicas da FMUSP é exigente, tem duração de três anos e acesso direto. Visa à excelência e o aperfeiçoamento das atividades práticas e teóricas, bem como à assistência clínica e cirúrgica dos pacientes em todas as áreas da Oftalmologia.

Atualmente, conta com 39 residentes, que realizam, em média, 6 cirurgias de facoemulsificação por semana, além de poderem aprender sobre mais duas subespecialidades ao longo do R3. São mais de 400 facectomias extracapsulares, 160 trabeculectomias, 15 transplantes de córnea, 120 introflexões esclerais, 60 correções de estrabismo, entre outras, realizadas anualmente por quem faz a residência em Oftalmologia na USP.

Sabia que o Departamento de Oftalmologia do HC conta com três centros cirúrgicos? Um deles é reservado para cirurgias sob anestesia geral, e é considerado um exemplo da excelência preconizada pelo maior complexo hospitalar da América Latina.

É lá que os médicos que participam do programa de residência em Oftalmologia na USP fazem reuniões periódicas com conteúdo teórico e discussão de artigos, casos clínicos e resultados cirúrgicos. Eles também têm atividades nos ambulatórios geral e de especialidades – onde contam com o apoio dos médicos-assistentes e o suporte instrumental para atender, adequadamente, os pacientes, além de exercitarem habilidades como raciocínio clínico e manejo de casos complexos. 

Para você saber mais sobre a residência em Oftalmologia na USP, nós conversamos dois residentes do programa, um R2 e um R3. Confira!

Joana: Vou começar com uma pergunta que a gente sabe que é bastante pessoal, mas todo mundo pergunta. Qual é o melhor estágio da residência em Oftalmologia na USP? Por quê?

R2: O melhor estágio é o do Estrabismo, pois é onde mais aprendemos. Os médicos-assistentes estão sempre presentes, nos ensinando e orientando durante os atendimentos. A chefe do setor de Estrabismo é muito preocupada com o aprendizado dos residentes e estimula, sempre, todos que participam do ambulatório, a colaborarem com o ensino. Além disso o ambiente é extremamente organizado, permitindo um atendimento de qualidade aos pacientes.

Maior parte dos estágios da residência em Oftalmologia na USP acontece no ICHC
Maior parte dos estágios da residência em Oftalmologia na USP acontece no Instituto Central do HC

R3: Para mim, é o de Estrabismo porque é um ambulatório organizado em que a chefe se preocupa com o ensinamento de todos. Desde os Fellow até os residentes. E o conhecimento passado e cobrado vai de acordo com a situação do profissional. Fellows discutem com mais detalhes e residentes precisam aprender o que um oftalmologista geral tem de saber.

Joana: Há algum médico-assistente que você considere sensacional ou exemplo para sua formação? Por quê? 

R2: Sim, existem alguns, mas vou citar aqui o dra. Mariza Polati, chefe do setor de Estrabismo. Cito-a como grande exemplo pois, além de ser uma profissional excelente e referência na sua área de atuação, é uma médica assistente preocupada com ensino e com a formação dos residentes, e também, na organização geral do nosso ambiente de aprendizado. Sendo assim, no meu modo de ver, exemplo para todos no Departamento sobre como, de fato, atuar no aprendizado e formação dos residentes.

R3: Sim, pela ética e preocupação com o aprendizado dos residentes. Além disso, vê-se que o cuidado ao paciente é a primeira prioridade de todos. Não há um específico.

Joana: Conta um pouco onde vocês rodam ao longo de toda a residência em Oftalmologia na USP.

R2: Durante os 3 anos de residência, a rotina acaba sendo bastante semelhante. Passamos dois dias da semana no Centro Cirúrgico, sendo um dia voltado para as cirurgias mais avançadas, com necessidade de anestesia geral, e o outro dia para procedimentos ambulatoriais. Em ambos os casos, o papel do residente varia de acordo com seu ano de formação. 

Os R1s atuam, na maior parte do tempo, gerenciando e organizando a logística das cirurgias e podem operar ao final de alguns dias. R2s auxiliam nas cirurgias e também podem operar cirurgias próprias ao final do dia. Os R3s participam fazendo suas cirurgias. Nos demais dias, todos os residentes estão nos ambulatórios. 

No período da manhã, atendemos os ambulatórios das especialidades do estágio em que estamos, como Retina, Glaucoma, Neuroftalmologia, Estrabismo, Córnea, Uveítes, Plástica Ocular, Orbitopatias, Visão Subnormal, Catarata e Lente de Contato. No período da tarde, atendemos nossos pacientes dos nossos próprios ambulatórios. Esses são casos que conduziremos ao longo de toda residência. Além disso, tanto R1 como R2, atuamos também no Pronto-Socorro de Oftalmologia, sendo os R2s, os responsáveis pelos plantões noturnos.

Joana: Existem estágios eletivos na sua residência? É possível (e comum) fazer um estágio fora do país?

R2: Não existem estágios eletivos na residência em Oftalmologia na USP, porém é possível conseguir fazer estágio fora do país durante as férias ou ser dispensado das atividades da residência para realização de estágio no exterior. Esta última opção só é possível para os 3 primeiros classificados no Ranking, dentre os R2s, e os 4 primeiros classificados dentre os R3. Esse ranking é baseado, principalmente, em notas de provas que são realizadas ao longo do ano, mas também inclui nota de conceito dada pelos preceptores e avaliação dos médicos assistentes em cada estágio, além de trabalhos publicados e participação em pesquisas.

Joana: Sua residência, de uma forma geral, respeita as 60 horas semanais? E qual é a carga máxima de plantão? Conta também se existe período de descanso pré ou pós plantão.

R2: Sim, a minha residência respeita as 60 horas semanais. Os plantões são de 24h e são divididos entre todos os R2s, sendo um plantonista por dia. Como somos em 14 residentes, a média dos plantões por semana é baixa. Temos direito a 6h de descanso após o plantão, porém essas horas só podem ser utilizadas durante o dia em que você deveria estar no Centro Cirúrgico, portanto, os plantões tem que ser sempre antes de um dia no qual você estaria no Centro Cirúrgico. 

Vista aérea do HC, onde são realizadas as atividades da residência em Oftalmologia na USP
Vista aérea do Hospital das Clínicas da FMUSP.

No dia do plantão, vamos normalmente ao Ambulatório pela manhã, porém no período da tarde vamos ao PS e começamos o plantão, então, não podemos marcar paciente no ambulatório dos residentes nesse dia. Quem fica no PS no período da manhã é o R2 que está no estágio de PS.

R3: Sim. No R3, a média é de um plantão de 24h por semana com pós-plantão de 6 horas. 

Joana: De 0 (nada) a 10 (demais), o quanto a residência em Oftalmologia na USP foca em parte teórica? E quais são as principais atividades teóricas que você tem?

R2: Nota 9. Temos uma carga importante de atividades teóricas que incluem: reuniões dos diversos setores do Departamento de Oftalmologia, nas quais são discutidos casos clínicos, artigos, além de aulas sobre diversos temas da área. Ainda temos reuniões que são, exclusivamente, apresentadas por residentes, com discussões de casos clínicos e artigos. Por fim, somos constantemente avaliados por provas teóricas ao longo do ano.

R3: Nota 6. Temos reuniões matinais diárias (cada dia é uma subespecialidade). A reunião normalmente tem uma aula feita por um assistente, um caso clínico apresentado pelo residente e uma discussão de artigo.

Joana: Aproveitando o embalo: de 0 (nada) a 10 (demais), o quanto sua residência foca em parte acadêmica?

R2: Nota 8.

R3: Nota 2. A residência em Oftalmologia na USP tem muitas aulas e reuniões, o que é um ponto positivo. Mas, muitas vezes, as aulas são dadas por residentes ou fellows em vez de chefes que, com certeza, tem muito mais didática. Outra coisa: o nosso programa não pensa muito em tempo livre para estudo. O tempo que temos para dedicar aos estudos acaba sendo um pouco escasso, principalmente quando somado ao cansaço da nossa rotina. Em relação ao nosso aprendizado durante o atendimento ao paciente, ele é deixado bem de lado. Acabamos atendendo muitos pacientes sem poder discutir os casos. Nesse momento, o aprendizado do residente acaba ficando em segundo plano. 

Joana: Quais você considera que são os pontos fortes de fazer residência em Oftalmologia na USP?

R2: Creio que os pontos fortes sejam: boa base teórica, grande número de pacientes, permitindo que aprendamos mais com casos diferentes, volume cirúrgico elevado, principalmente no R3.

R3: Consolidação boa no mercado, com chefes bem conceituados na área. É possível operar bastante no R3 para pegar mão. Há boas discussões nas reuniões clínicas. Muitos pacientes são vistos no ambulatório diariamente, dando a oportunidade de treinar bastante exame físico. Pela complexidade do HC, podemos ver muitos casos diferentes e interessantes.

Joana: E tem algum ponto que você acha que poderia melhorar?

R2: Acho que a residência em Oftalmologia na USP pode melhorar a organização dos ambulatórios, com maior controle do número de pacientes por dia, para uma melhor avaliação e discussão de cada caso. Maior espaço para que os R1s e R2s possam aprender a operar – já que temos limitação de equipamento e sala cirúrgica.

R3: Organização da residência para aproveitar melhor o tempo (deixando pouco tempo para estudo). Melhor supervisão no ambulatório e centro cirúrgico por parte dos chefes. Melhor organização para minimizar o tempo gasto com burocracias do hospital.

Joana: E você acha que dá pra conciliar a residência em Oftalmologia na USP com plantões externos? A maioria faz isso?

R2: É possível sim, já que a carga horária, em geral, respeita as 60 horas semanais. Uma boa parte dos residentes da plantão fora, mas principalmente no R2, quando já possível começar a trabalhar com coisas mais relacionadas a nossa área de formação.

R3: Dá para conciliar. Alguns dão plantões de generalista fora (há poucas atividades de fim de semana, de semana não tem como dar plantão fora). Porém, por ser uma área distante da clínica, nem todos se sente aptos para continuar dando esses plantões em porta etc.

Joana: A sua residência disponibiliza quais “comodidades” para os residentes?

R2: Todos os residentes do HC-FMUSP têm direito a almoço e jantar gratuitos, diariamente, em um restaurante do Hospital. Além disso, é possível candidatar-se para moradia dos Residentes. O processo de seleção baseia-se em critérios socioeconômicos.

R3: Existe um restaurante no hospital que oferece almoço e janta com suco e sobremesa. Se você não for comer lá, ainda pode resgatar um valor de aproximadamente 10 reais para chá, refrigerante, doce… o que quiser. Em relação à moradia, a avaliação é feita de acordo com a renda, porém não sei detalhes. Mas a maioria consegue.

Joana: Vocês dois são do estado de São Paulo. Mas conhecem alguém que voltou ou pretende voltar para a cidade de origem após a residência? Acha que é possível se inserir bem no mercado?

R2: Conheço algumas pessoas que pretendem voltar às suas cidades de origem e acredito devem conseguir, sim, se inserir no mercado de trabalho. Isso, em geral, depende muito de qual é a cidade.

R3: Acho possível se inserir no mercado, porém, é necessário já ter algum contato na outra cidade. Normalmente, existe mercado fechado em cidades menores.

Gostou de saber mais sobre a residência em Oftalmologia na USP?

Imagem ilustrativa de consulta oftalmológica, como as executadas por quem faz a residência em Oftalmologia na USP

Esperamos que você tenha curtido saber mais sobre como é fazer residência em Oftalmologia na USP. Pra fazer uma imersão ainda mais completa, você pode ver como é a residência em Oftalmologia na Unifesp e na Unicamp.

Aproveite para descobrir também quanto ganha o oftalmologista e quais são as subespecialidades oftalmológicas! É importante que você, desde já, conheça os campos de atuação, a rotina, o mercado de trabalho e a remuneração do Oftalmologista, uma vez que tudo isso interfere diretamente na sua carreira! Pra isso, a dica é certa: o episódio Finalmente Residente de Oftalmologia da USP-SP do nosso podcast traz uma entrevista super bacana pra tirar suas dúvidas! 

E se você já sabe que a residência em Oftalmologia na USP é a melhor para a sua carreira, conte com a gente para se preparar e realizar seu sonho! Afinal, essa é uma das melhores e mais buscadas instituições para se fazer Oftalmologia em SP. Aqui no blog contamos tudo, direto ao ponto, sobre como é a prova de residência médica da USP, e ainda separamos 20 questões de Preventiva que caíram na prova teórica de residência da USP nos últimos anos!

Pra saber ainda mais sobre os principais temas que caem na prova de residência médica da FMUSP, dá uma olhada aqui no nosso Guia Estatístico da USP-SP.

Joana Rezende

Joana Rezende

Carioca da gema, nasceu em 93 e formou-se Pediatra pela UFRJ em 2019. No mesmo ano, prestou novo concurso de Residência Médica e foi aprovada em Neurologia no HCFMUSP, porém, não ingressou. Acredita firmemente que a vida não tem só um caminho certo e, por isso, desde então trabalha com suas duas grandes paixões: o ensino e a medicina.