A Residência Médica em Oftalmologia da mais tradicional escola de medicina do estado de São Paulo, a EPM (Escola Paulista de Medicina) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), tem três anos de duração e ainda oferece um quarto ano opcional àqueles que desejam ampliar sua especialização em Transplante de Córnea. É um dos mais antigos e renomados cursos de especialização médica com acesso direto, e desde 1964, a Residência em Oftalmologia na Unifesp já formou mais de quinhentos profissionais habilitados.
Aqui no blog, já contamos tudo – tudo mesmo e “papo reto” – sobre como é a prova de residência médica da Unifesp! E você ainda pode dar uma olhada nesse e-book que fizemos com 20 questões de Cirurgia que já caíram na prova teórica. Além disso, conversamos com outros dois residentes pra contar como é a residência em Oftalmologia na USP, também!
Os residentes do Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da Escola Paulista de Medicina da Unifesp têm sua rotina de estudos teóricos e atividades práticas no Hospital São Paulo, o maior hospital universitário do Brasil, onde são expostos à mais moderna tecnologia médica e exigidos constantemente, sob supervisão direta do notório corpo docente, a uma excelência acadêmica e a um espírito humanista, no que tange aos cuidados com pacientes e pares.
Muitos residentes optam por continuar a ampliação de estudos buscando as várias opções de subespecialidades da Oftalmologia, como por exemplo: Oftalmo-Pediatria, Neuroftalmologia, Visão Subnormal, Oncologia Ocular, Plástica Ocular, Doenças das vias Lacrimais, Doenças das vias Orbitárias, Estrabismo, Cirurgia Refrativa ou Oftalmo-Acupuntura.
E nós, da Medway, estamos aqui para ajudar você a fazer sua melhor escolha nessa jornada que é a residência médica.
Ainda precisa saber mais? Confira essa entrevista recheada de impressões da Julia H e da Júlia C, ambas residentes do segundo ano, e também do Lucas, que é R3. Vamos conhecer um pouco mais sobre a rotina e as atividades de quem faz residência em Oftalmologia na Unifesp.
Júlia C.: O melhor bloco varia um pouco de acordo com a fase da residência. No momento em que estou (R2), acredito que o melhor bloco é o de catarata justamente por aprendermos a fazer essa cirurgia. Apesar de bastante cansativo, o bloco do pronto-socorro também é muito bom em todos os anos da residência pela quantidade e diversidade de casos.
Julia H.: Em Retina, pois os chefes são muito bons, com reconhecimento mundial. Eles são super presentes e solícitos
Lucas: No Pronto-Socorro, porque temos acesso a uma grande diversidade de casos complexos, sendo o maior serviço de emergência em oftalmologia do Brasil. É onde se consegue mais aprender.
Julia H.: Dra Nilva de Moraes, pois ela ensina muito e se preocupa com o nosso aprendizado.
Lucas: Dr. Wallace Chamon, pois tem uma visão de mundo e trajetória na profissão muito diferenciada.
Júlia C.: No R2 passamos nos ambulatórios de glaucoma congênito e adulto, retina, estrabismo, refração, tumor, plástica ocular, órbita, trauma anterior e posterior, catarata congênita e adulto, córnea e doenças externas oculares, lente de contato, cirurgia refrativa, úvea, vias lacrimais e neuroftalmologia. Temos atividades no centro cirúrgico nos blocos de glaucoma, estrabismo, plástica, catarata e córnea. Também temos o bloco de pronto-socorro com porta aberta participando de cirurgias de urgência.
Julia H.: Catarata (incluindo catarata congênita), neuroftalmo, órbita, retina, plástica ocular, córnea, glaucoma (incluindo glaucoma congênito), estrabismo, refração, refrativa, trauma (anterior e posterior), pronto-socorro, ultrassom ocular, eletrofisiologia ocular, visão subnormal, genética, vias lacrimais, tumores oculares, úvea, lente de contato.
Lucas: Rodamos em praticamente todas subespecialidades da Oftalmologia (catarata, retina, glaucoma, córnea, visão subnormal, úvea, neuro-oftalmologia, órbita, vias lacrimais, plástica ocular, estrabismo, eletrofisiologia, trauma ocular). Rodízios se dividem entre pronto-socorro/ emergências, ambulatórios e centro cirúrgico
Júlia C.: Não temos estágios eletivos. No R2, temos oportunidade de fazer estágios fora do país, tanto para atividades teóricas quanto para atividades práticas.
Julia H.: Não existem estágios eletivos, mas temos intercâmbio de residentes anualmente com Stanford, Harvard, Bascon-Palmer e Chicago com a oportunidade de 2 residentes indo para um desses serviços por ano por 2 semanas (e recebendo residentes destes serviços todo ano).
Lucas: Sim, cerca de 2/3 dos residentes fazem estágio fora do Brasil que duram de 2 semanas a 2 meses. São parcerias já inclusas e pré-definidas pelo departamento.
Júlia C.: No geral temos 24h de plantão de final de semana por mês. Em 5 dos nossos 9 blocos do R2 também temos um plantão fixo de 12h por semana, com pós-plantão de meio período no dia seguinte (manhã ou tarde).
Julia H.: Sim, há respeito à carga horária. No máximo das 8h às 12h do dia seguinte (28hrs).O pós plantão é de 4 horas.
Lucas: Sim, a residência respeita as 60 horas semanais. A carga máxima é de 24 horas de plantão por turno, sempre com período de 6 horas de pós-plantão. No geral são 1-2 plantões de 12 horas por semana.
Júlia C: Dá para conciliar plantões durante os finais de semana, mas não plantões noturnos durante a semana. Muitos residentes têm plantões externos, especialmente no R2, com alguns plantões já de Oftalmologia.
Julia H: A maioria faz. Dá pra conciliar, mas a residência, apesar de ter carga horária presencial menor que 60 horas semanais, acaba consumindo bastante sua vida. Há muitas atividades que exigem preparo no seu tempo livre, como aulas, reuniões e trabalhos científicos.
Lucas: Sim, maioria faz isso. Cerca de um plantão externo por semana dá para conciliar, especialmente R2 e R3.
Julia H.: Nota 10! Aulas teóricas semanais (1-3 por semana) fora do horário dos ambulatórios. Reuniões semanais dos departamentos com aula. Algumas especialidades exigem apresentações teóricas após o horário dos ambulatórios. É obrigatório 1 trabalho científico por ano para apresentação no final do ano.
Lucas: Nota 10! Aulas teóricas 3 a 4 vezes por semana, reuniões semanais das subespecialidades, apresentação de casos clínicos e Grand Rounds.
Júlia C.: Nota 10! Uma vez por semana durante todo ano temos o Grand Round, que é uma apresentação de três casos clínicos (sendo o último caso sempre em inglês) que os R2 preparam, com uma aula de encerramento. Alguns dias temos convidados internacionais também para apresentação dos casos.
De duas a três vezes por semana temos aulas com duração de 1-2h direcionada para residentes. Na maioria dos setores existem reuniões semanais com apresentação de casos, discussão de artigos científicos e discussão de vídeos de cirurgias. Além disso, temos possibilidade de diversos cursos extras ofertados ao longo do ano.
Júlia H./Lucas/Júlia C.: 10.
Júlia C.: Acredito que minha residência ao mesmo tempo que fornece uma base teórica forte, também apresenta um fluxo de pacientes muito grande e diverso, possibilitando uma prática também muito sólida. Existe um estímulo grande para produção científica (todo ano temos um congresso interno em que todos os residentes devem apresentar um trabalho).
Há uma cobrança com relação às práticas e ao conhecimento, mas ao mesmo tempo tem uma rede de ensino/aprendizagem forte tanto com relação a professores (chefes estão disponíveis para discussão dos casos em todos os ambulatórios) e também entre residentes. A maioria dos formados apresentam uma boa consolidação no mercado, mas existem variações nesse quesito de acordo com a subespecialidade.
Julia H.: É uma formação muito completa. Passamos em diversos setores de subespecialidades com exposição a casos raros. Temos uma boa formação teórica, no geral a residência é mais focada no ensino do que na “tocação de serviço”. É uma residência consolidada. Temos acesso às tecnologias mais novas do mercado. Temos chefes reconhecidos mundialmente que participam da nossa rotina nos ambulatórios. Temos um centro cirúrgico somente da Oftalmologia com 11 salas.
Lucas: Principais pontos fortes seriam boa base teórica, acesso a parte acadêmica e a pesquisa e grande volume de pacientes.
Júlia C.: Em algumas áreas poderia haver mais cirurgias para residentes.
Julia H.: A vivência da residência é bem diferente do mundo real. Por exemplo, conseguimos pedir coleta de cultura para todas as úlceras de córnea que chegam no nosso pronto socorro ou ambulatório. Na vida real, esse exame custa 800 reais e só é feito no Fleury.
Lucas: Volume cirúrgico, pela presença de vários tipos de fellows, acaba sendo relativamente menor.
Júlia H.: O hospital tem um “bandejão” de graça.
Lucas: O hospital apresenta alimentação para os residentes, com todas refeições e há processo para moradia gratuita, mas não sei exatamente como funciona.
Lucas: Sim, pretendo voltar. Conheço algumas pessoas que conseguiram voltar, mas é sempre complicado, especialmente pela dificuldade em entrar em serviços “familiares fechados” e pela dificuldade em recém-formado cadastrar em planos de saúde.
Júlia C.: Muitos formandos voltam para a cidade de origem e conseguem uma boa inserção no mercado. Mais uma vez, importante ressaltar que existem diferenças de acordo com as subespecialidades e o porte da cidade em que pretende exercer.
Julia H.: Conheço e sim, dá para se inserir bem. Os que voltam, acabam se tornando profissionais bem valorizados nos locais de origem.
Júlia C.: Um último comentário seria que se Oftalmologia é uma das suas opções de escolha. Tente um estágio optativo na área, pois o que é ofertado na graduação na maioria dos lugares não corresponde à prática na residência ou na vida profissional. E se me perguntassem aquela última pergunta clássica, com certeza recomendaria a residência no local em que estou atualmente.
Julia H.: É uma residência ótima, mas exige MUITO mais que muitas residências em Oftalmologia (exemplo: plantões noturnos e em finais de semana/feriados no pronto-socorro).
Eu adoro o meu serviço, e para mim o grande diferencial são as pessoas do serviço. Os chefes, fellows e outros residentes criam um ambiente que favorece o aprendizado e, em geral, estão sempre dispostos a te ajudar no que for necessário.
Lucas: Sou muito feliz e gosto muito do serviço do qual faço parte, recomendaria muito para quem quer fazer Oftalmologia.
Já deu para perceber que a Residência em Oftalmologia na Unifesp é bastante disputada nas provas de residência médica e vai demandar de você: dedicação, paixão e muitas horas de estudos e estágios práticos, com plantões e rotinas cirúrgicas. Mas certamente, ao final da sua jornada como residente, você se sentirá apto para atuar com segurança, frente às mais variadas situações médicas.
E aí? Curtiu? Já está pronto para a prova de residência médica da Unifesp? Aproveite para descobrir também quanto ganha o oftalmologista e quais são as subespecialidades oftalmológicas! E saiba que ainda dá tempo de se preparar e realizar seu maior sonho. Uma das nossas dicas é ficar de olho no nosso canal do YouTube, em que postamos vídeos novos toda segunda e sexta-feira, sempre abordando temas que caem nas principais provas de residência médica em São Paulo.
E não se esqueça de que a segunda fase da Unifesp, além da tradicional prova prática, tem também uma prova multimídia! Você está preparado para isso? É comum não estar, mas não se preocupe: no nosso Minicurso de Prova Multimídia você vai aprender o segredo por trás dessa prova e ver como pode transformar essa etapa no seu maior diferencial, então não deixe de se inscrever hein?
Não sabe ainda se é realmente na Unifesp que você quer fazer sua residência médica? Então continue acompanhando a gente aqui no blog, pois vamos publicar outros artigos sobre como é estar em vários outros programas de residência em São Paulo! Quer saber de algum específico? Então deixe aqui nos comentários!
Capixaba, nascido em 90. Graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e com formação em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) e Administração em Saúde pelo Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Apaixonado por aprender e ensinar.
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