Como é a residência em Infectologia na USP

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Então é na residência em Infectologia que você quer estar nos próximos anos. Ótimo! Mas você já sabe onde fazer? Para muitos médicos e estudantes de medicina, a residência em Infectologia na USP (Universidade de São Paulo) é o grande objetivo. Será que é o seu também?

residência em Infectologia na USP
Hospital das Clínicas da FMUSP

Com período de especialização de 3 anos, a maior parte do programa de residência em Infectologia da USP é de responsabilidade do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), existente desde 1952. Há possibilidade, ainda, de um quarto ano optativo em Medicina Tropical, com duas vagas. Com essa opção, você pode aprender em um dos ambientes mais completos da América Latina e obter ótimos resultados.

O médico infectologista é cada vez mais importante por conta de algumas doenças infecciosas e parasitárias que já eram consideradas controladas estarem se intensificando (como dengue, sarampo e tuberculose) e de outras estarem surgindo, como o novo coronavírus.

Antes de embarcar nessa possibilidade, entretanto, é fundamental saber se a residência em Infectologia na USP atende às suas expectativas. Quais são os temas abordados em cada ano, como são os estágios e como funciona a carga horária são algumas informações importantes. Para te ajudar nessa decisão, conversamos com a Bárbara, residente do segundo ano do programa da FMUSP, e Matheus, do terceiro ano.

Venha saber tudo sobre a residência médica em Infectologia na USP e saiba o que esperar!

Alexandre: Vamos começar com uma pergunta bastante pessoal: na sua opinião, qual é o melhor estágio da residência em Infectologia na USP?

Bárbara: Eu acho que é difícil apontar um melhor estágio. Temos muita diversidade de rodízios ao longo dos 3 anos, de diferentes complexidades. Mas acho que, principalmente nos serviços de Enfermaria, UTI e Ambulatórios, notamos nosso crescimento durante a residência médica, especialmente quando se olha comparativamente do R2 para o R1. Acho que isso, nos 3 serviços, se deve principalmente ao corpo clínico de presença e apoio constante, à variedade de casos e, no caso do ambulatório, ao acompanhamento longitudinal dos pacientes.

Matheus: Os melhores estágios da residência em Infectologia na USP são os estágios de enfermaria. Como temos uma enfermaria de 30 leitos dedicada a casos de Infectologia, há grande volume de discussões sobre a mais ampla variedade de doenças infecciosas. Outro excelente estágio é o da UTI de Infectologia, diferencial entre os vários programas do Brasil por termos uma UTI também dedicada [exclusivamente a infectologia]. Não posso deixar de comentar sobre o estágio opcional em Santarém-PA com o contato com doenças tropicais negligenciadas e medicina em áreas remotas.

Alexandre: Existe algum médico assistente que você admira ou considera um exemplo para sua formação? Por quê?

Bárbara: Eu acho que em termos de crescimento profissional e pessoal, dentre tantos que contribuem diariamente para isso, eu citaria Dra Ho Yeh Li, Dra. Ana Catharina de Seixas Santos Nastri e Dra. Jessica Fernandes Ramos, tanto por conhecimento técnico e vontade de ensinar quanto por humanidade e cuidado com os pacientes.

Matheus: Dra. Ho Yeh Li, famosa infectologista e incansável intensivista que se preocupa com a formação de seus residentes a qualquer momento. Dr. Matheus Magri, grande professor, preocupado e dedicado ao ensino, bem como ao cuidado dos doentes.

Alexandre: E por onde vocês rodam ao longo de toda a residência de infectologia?

Bárbara: No R1, temos enfermaria da Infecto, enfermaria da Clínica Médica, Pronto-Socorro da Clínica Médica, Ambulatório, UTI, Microbiologia, Laboratório e Optativo. No R2, além da enfermaria da Infecto, temos UTI, CCIH, Pronto-Socorro do Emílio Ribas, Medicina Tropical, Epidemiologia, Imunizações e Optativo. No R2 também temos nossos ambulatórios longitudinais, principalmente de hepatites e pacientes que convivem com HIV. Já no R3, além do Optativo, temos Interconsultas dentro do Hospital, Imunodeprimidos, CCIH e Ambulatório.

Matheus: Ao longo da residência em Infectologia na USP, temos aproximadamente 6 meses em enfermarias, 3 meses em UTI, 2 meses em PS (Infectologia e Geral), estágios de laboratório (Microbiologia, Biomol), radiologia, ambulatórios distribuídos ao longo dos três anos.

Alexandre: Existem estágios eletivos na sua residência? É possível (e comum) fazer um estágio fora do país?

Bárbara: Em cada ano de residência de Infectologia na USP, temos eletivos. 1 mês no R1 (que deve ser em serviços do próprio HC), 1 mês no R2 (além do estágio de Medicina Tropical, que pode ser feito em Santarém ou outro local) e 2 meses do R3. No R2 e R3, podem ser no exterior.

Matheus: Sim, são 4 meses de eletivo nos 3 anos. No R1, deve-se fazer eletivo dentro do complexo HC. Nos demais anos, fica à escolha do residente, com vários estágios no exterior possíveis.

Alexandre: A residência em Infectologia da USP, de uma forma geral, respeita as 60 horas semanais?

Bárbara: Sim, a carga horária da residência médica é respeitada.

Alexandre: E qual é a carga máxima de plantão que você dá na sua residência? Existe algum período de descanso pré ou pós-plantão?

Bárbara: Fora do contexto de pandemia, os R1 cobrem plantões na UTI, os R2 na maior parte dos plantões da Enfermaria e os R3 cobrem poucos plantões na Enfermaria. Os R2 também fazem plantões de UTI durante as semanas do estágio. O pós-plantão pode ser durante todo o dia ou no período vespertino, a depender do estágio.

Alexandre: De 0 (nada) a 10 (demais), o quanto a residência em Infectologia da USP foca em parte teórica? E quais são as principais atividades que você tem?

Bárbara: 9. Temos discussões de artigos durante os estágios, apresentações de casos clínicos semanais, temos a reunião geral da clínica semanalmente, reuniões anatomoclínicas apresentadas pelos residentes, aulas ministradas pelos assistentes semanalmente e apresentações de temas relacionados à CCIH durante o estágio.

Matheus: 8. Temos aulas semanais do departamento, frequentemente, temos discussões dentro dos estágios (artigos, aulas, entre outros).

Alexandre: Também de 0 (nada) a 10 (demais), o quanto sua residência foca na parte acadêmica?

Bárbara: 8.

Matheus: 9.

Alexandre: Quais os pontos fortes da residência em Infectologia na USP?

Bárbara: Acho que a formação teórica associada à prática clínica nos dá uma excelente formação de Infectologia. Também vivenciamos bastante o ambiente de terapia Intensiva, o que nos dá experiência para considerar especialização na área.

Matheus: Certamente é uma residência com grande carga teórica e prática. Os dois primeiros anos são de muito trabalho centrado, com possibilidade de prática nas mais diversas áreas, tanto ambulatorial como hospitalar. No terceiro ano, concentram-se atividades mais acadêmicas, com maior gama de discussões focadas em temas mais infectológicos. A inserção no mercado é nítida, sendo frequente, inclusive, contratações internas.

Alexandre: E tem algum ponto que você acha que poderia melhorar?

Bárbara: Não temos um pronto-socorro de Infectologia especificamente, mas atendemos pacientes referenciados de outros serviços no ambulatório, absorvemos pacientes do pronto-socorro da Clínica e também temos experiência com acidentes com material microbiológico e vítimas de violência sexual.

Matheus: Por sermos um centro de referência, por vezes nossos estágios são prejudicados por algumas situações como Pandemias/Epidemias (Covid-19, Febre amarela, H1N1).

Alexandre: Tem como conciliar a residência com plantões externos? A maioria faz isso?

Bárbara: A maioria dos meus colegas, dentre todos os anos, dá plantões externos. Claro que, em alguns serviços, o dia a dia é mais demandante, então durante a semana dificultaria mais. Mas, em geral, dá pra se organizar para trabalhar fora, sim.

Matheus: A maioria faz, mas a carga se torna bastante corrida. Muitas vezes vamos cumprir as 60 horas semanais (até mais…), e conciliar plantões externos antes do R3 pode ser um desafio.

Alexandre: Quais “comodidades” a sua residência disponibiliza para os residentes?

Bárbara: A residência em Infectologia na USP disponibiliza, no início do ano, a possibilidade de solicitar vaga na moradia. Não consigo informar sobre o processo de seleção, mas sei que normalmente não faltam vagas no prédio, que é bem organizado e ao lado do hospital. Em geral, temos direito a alimentação (almoço e jantar) no restaurante do hospital, que são refeições bastante variadas, inclusive com opções vegetarianas. E, pela associação de residentes, temos desconto em alguns serviços externos (como escolas de música, gráficas, óticas) que nos explicam após a matrícula.

Alexandre: Vocês são de São Paulo, mas conhecem alguém que não é do estado, que voltou ou pretende voltar para a estado de origem? Acham que é possível se inserir bem no mercado?

Bárbara: Da Infectologia, não conheço pessoalmente. Mas acho que as opções de campo de trabalho são muitas, o que facilitaria a inserção.

Matheus: Conheço e, especificamente para Infectologia, há ainda grande demanda pela especialidade (crescente inclusive), com poucos se formando anualmente.

Alexandre: Última pergunta. Tem mais alguma coisa que você queira falar sobre a sua residência que a gente não perguntou?

Bárbara: Acho que comentar sobre como foi a melhor decisão que eu tomei. Mudar de cidade não é fácil, mas a rede de apoio e o acolhimento que eu recebi dos colegas de residência, preceptores e assistentes foram fundamentais. Além disso, o HC tem uma infraestrutura e capacidade de atendimento incríveis, o que está sendo fundamental para nossa atuação durante a pandemia de COVID-19.

Matheus: Acho que vale comentar que o ambiente da USP-SP (HCFMUSP) pode ser bastante pesado às vezes. Há sim um clima de competição e cobrança. 

Curtiu saber mais sobre a residência em Infectologia na USP?

A residência em Infectologia na USP oferece uma ampla oportunidade de aprendizado por meio de uma formação completa. Se esse for o caminho escolhido por você, saiba que há muitas oportunidades à vista! A gente também já falou aqui sobre a residência em Infectologia em outras instituições, como na Santa Casa, dá uma conferida!

E se você está se preparando para a prova de residência médica da USP ou de qualquer outra das principais instituições de São Paulo, estamos aqui para te ajudar! No nosso blog, contamos tudo sobre como é a prova de residência médica da USP! Também separamos 20 questões de Preventiva que caíram na prova teórica de residência da USP nos últimos anos. 

Aproveita e dá uma olhada no nosso Guia Estatístico da USP, que mostra quais são os principais temas que caem nas grandes áreas na prova de residência médica da FMUSP. O canal da Medway no YouTube também está cheio de aulas sobre temas importantes que caem nas principais provas de residência médica de São Paulo. Um exemplo é esse aqui, em que a Pucca fala sobre Hematologia, um tema que sempre cai em Pediatria na USP:

E se você ainda não tem certeza de que a USP é melhor instituição para fazer sua residência em Infectologia, fique atento aqui no nosso blog, pois vamos postar vários conteúdos específicos sobre como é fazer residência em Infectologia em cada uma das principais instituições de São Paulo. Quer saber de alguma em específico? Deixa um comentário aqui embaixo!

Alexandre Remor

Alexandre Remor

Nascido em 1991, em Florianópolis, formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2015 e com Residência em Clínica Médica pelo Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP) e Residência em Administração em Saúde no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE). Fanático por novos aprendizados, empreendedorismo e administração. @instagram